FLAMA!
Flávia Bomfim e Maguma18.01 a 18.03.2023
Release
A partir de 18 de janeiro, às 18h, a RV Cultura e Arte apresenta FLAMA!, exposição do dou formado pelas artistas Flávia Bomfim (Brasil) e Maguma (Espanha), com texto de Valquíria Prates.
FLAMA é uma espécie de espaço-tempo de cocriação e experimentação iniciado durante a pandemia de 2020 entre Flávia Bomfim e Maguma. Exercitando o desafio da produção coletiva e tensionando as fronteiras e limites da autoria individual, a dupla desenvolveu um jogo de contínuas intervenções a partir de um vocabulário visual em transformação de formas e cores.
“Em FLAMA nos confrontamos com uma espécie de expansão da ideia do que pode ser colecionável em arte para além de obras: formas, imagens, fragmentos, cores, escolhas, experiências, desafios, processos e todas as combinações possíveis entre tudo o que for possível elencar em um repertório dado em partilha. A sedução dos trabalhos da exposição reside na possibilidade do encontro - inicialmente fortuito, paulatinamente desejado e cuidadosamente intencionado - entre as duas artistas”, completa Valquíria Prates, curadora e pesquisadora que assina o texto do projeto.
Trabalhando composições em papel, as artistas criam a série “exercício de fabulação”, uma coleção de personagens que surgem a partir de combinações entre monotipia, stencil e desenho. Já nas obras em cerâmica, os procedimentos de repetição, sobreposição e deslocamento vistos nos trabalhos bidimensionais ganham uma nova materialidade, ora tirando partido do caráter escultural e utilitário do suporte, ora optando por produzir superfícies planas, remetendo à tradição gráfica da azulejaria.
As relações que pode haver entre jogo e arte, original e múltiplo, contração e expansão são centrais na pesquisa gráfica, assim como o interesse da dupla em construir significados em colaboração um com o outro e com o público. “FLAMA é um jogo, mas é antes de tudo uma aliança com fragmentos para uma montagem visual das coisas, melhor, montagem e desmontagem...porque FLAMA é também movimento. Aqui não há defesa do estático nem da imagem final” finaliza Flávia Bomfim.
Como parte do programa educativo da exposição, acontece nos dias 24 e 25 de janeiro (das 17h às 19h30) a oficina FLAMA! A atividade explora e compartilha os jogos de criação utilizados pelas artistas e propõe a produção de uma publicação coletiva impressa em risografia. Para participar da atividade é preciso se inscrever na seção abaixo. São 10 vagas disponíveis e a taxa de inscrição tem o valor de R$ 220,00.
FLAMA! pode ser visitada até 18 de março presencialmente na RV Cultura e Arte - de segunda a sexta, das 10:00 às 18:00 e aos sábados das 10:00 às 14:00; e de forma online, pelo site da galeria.
A partir de 18 de janeiro, às 18h, a RV Cultura e Arte apresenta FLAMA!, exposição do dou formado pelas artistas Flávia Bomfim (Brasil) e Maguma (Espanha), com texto de Valquíria Prates.
FLAMA é uma espécie de espaço-tempo de cocriação e experimentação iniciado durante a pandemia de 2020 entre Flávia Bomfim e Maguma. Exercitando o desafio da produção coletiva e tensionando as fronteiras e limites da autoria individual, a dupla desenvolveu um jogo de contínuas intervenções a partir de um vocabulário visual em transformação de formas e cores.
“Em FLAMA nos confrontamos com uma espécie de expansão da ideia do que pode ser colecionável em arte para além de obras: formas, imagens, fragmentos, cores, escolhas, experiências, desafios, processos e todas as combinações possíveis entre tudo o que for possível elencar em um repertório dado em partilha. A sedução dos trabalhos da exposição reside na possibilidade do encontro - inicialmente fortuito, paulatinamente desejado e cuidadosamente intencionado - entre as duas artistas”, completa Valquíria Prates, curadora e pesquisadora que assina o texto do projeto.
Trabalhando composições em papel, as artistas criam a série “exercício de fabulação”, uma coleção de personagens que surgem a partir de combinações entre monotipia, stencil e desenho. Já nas obras em cerâmica, os procedimentos de repetição, sobreposição e deslocamento vistos nos trabalhos bidimensionais ganham uma nova materialidade, ora tirando partido do caráter escultural e utilitário do suporte, ora optando por produzir superfícies planas, remetendo à tradição gráfica da azulejaria.
As relações que pode haver entre jogo e arte, original e múltiplo, contração e expansão são centrais na pesquisa gráfica, assim como o interesse da dupla em construir significados em colaboração um com o outro e com o público. “FLAMA é um jogo, mas é antes de tudo uma aliança com fragmentos para uma montagem visual das coisas, melhor, montagem e desmontagem...porque FLAMA é também movimento. Aqui não há defesa do estático nem da imagem final” finaliza Flávia Bomfim.
Como parte do programa educativo da exposição, acontece nos dias 24 e 25 de janeiro (das 17h às 19h30) a oficina FLAMA! A atividade explora e compartilha os jogos de criação utilizados pelas artistas e propõe a produção de uma publicação coletiva impressa em risografia. Para participar da atividade é preciso se inscrever na seção abaixo. São 10 vagas disponíveis e a taxa de inscrição tem o valor de R$ 220,00.
FLAMA! pode ser visitada até 18 de março presencialmente na RV Cultura e Arte - de segunda a sexta, das 10:00 às 18:00 e aos sábados das 10:00 às 14:00; e de forma online, pelo site da galeria.
Texto curatorial
Jogo e dupla, fogo em chamas, FLAMA! é também o nome do que Flávia Bomfim e Maguma fazem quando seguem em processos de criação compartilhados. A exposição FLAMA! nasce do encontro inicialmente fortuito, paulatinamente desejado e cuidadosamente intencionado entre as artistas e suas longas trajetórias individuais de pesquisa nas artes, animadas pelo especial interesse compartilhado em processos gráficos e na circulação livre em ambientes artísticos, editoriais e formativos.
Cada trabalho da exposição FLAMA! revela e esconde o jogo da dupla: olho no olho, mão na mão, cada qual entra em ação criativa com seus repertórios, ferramentas, tecnologias, visões de mundo e modos de fazer, conjunto que aqui poderíamos resumir usando apenas uma palavra: presença. Na mistura, não se perdem em suas individualidades e sustentam a tensão do ‘fazer junto’ ao criarem regras que possibilitam o livre fluxo das negociações e a possibilidade da flama não se apagar - ou, nas palavras do duo: ‘criar para sobreviver’.
Percorrendo a mostra, podemos tomar contato com uma ideia expandida do que pode ser colecionável em arte, indo muito além de cada uma das obras em papel ou cerâmica e descobrindo nas diversas repetições de cores e formas a combinatória de peças, fragmentos, tons, escolhas, experiências e desafios implicados em cada processo. A coleção aqui é também a dos repertórios que se dão em partilha e das escolhas feitas: cada imagem, cada desenho, cada peça em cerâmica que remonta às possibilidades imagéticas da azulejaria, tudo se faz em ações encadeadas como dança-diálogo-luta marcial, marte em fogo, gestos de justaposição e sobreposição, tudo aparecendo e desaparecendo em dimensões distintas de cada imagem que é personagem e portal, paisagem e passagem, retrato e mapa simultaneamente.
Cada trabalho da exposição FLAMA! revela e esconde o jogo da dupla: olho no olho, mão na mão, cada qual entra em ação criativa com seus repertórios, ferramentas, tecnologias, visões de mundo e modos de fazer, conjunto que aqui poderíamos resumir usando apenas uma palavra: presença. Na mistura, não se perdem em suas individualidades e sustentam a tensão do ‘fazer junto’ ao criarem regras que possibilitam o livre fluxo das negociações e a possibilidade da flama não se apagar - ou, nas palavras do duo: ‘criar para sobreviver’.
Percorrendo a mostra, podemos tomar contato com uma ideia expandida do que pode ser colecionável em arte, indo muito além de cada uma das obras em papel ou cerâmica e descobrindo nas diversas repetições de cores e formas a combinatória de peças, fragmentos, tons, escolhas, experiências e desafios implicados em cada processo. A coleção aqui é também a dos repertórios que se dão em partilha e das escolhas feitas: cada imagem, cada desenho, cada peça em cerâmica que remonta às possibilidades imagéticas da azulejaria, tudo se faz em ações encadeadas como dança-diálogo-luta marcial, marte em fogo, gestos de justaposição e sobreposição, tudo aparecendo e desaparecendo em dimensões distintas de cada imagem que é personagem e portal, paisagem e passagem, retrato e mapa simultaneamente.
As chamas da FLAMA!, como tudo o que queima, só podem seguir em combustão enquanto houver condições para sua consumação, assim como jogos só podem continuar sendo jogados enquanto for do desejo o ‘estar em jogo’. O historiador da arte Ernst Gombrich, no saboroso texto ‘Meditações sobre um cavalinho de pau’, sugere que existem duas condições elementares para que seja possível transformar um pedaço de pau em um cavalinho: que sua forma simples permita a cavalgada e que cavalgar seja importante. Temos aqui o princípio de um jogo em que os movimentos nascem do desejo e do gesto preciso de fabulação e fabricação que atravessa o trabalho da dupla, que entre ‘o ganhar’ ou o ‘se perder’ escolhe o jogo sempre.
Flávia Bomfim e Maguma colecionam formas simples, procedimentos e perguntas, que encorpadas em uma série de processos gráficos levam à sedução do desenho-desígnio, erros como possibilidade de trazer à luz e ‘aos vivos’ na forma de personagens e criaturas que nascem de negociações atrevidas. Para seguirem criando em dupla, as artistas precisam insistir em manter suas individualidades e assim garantir que haja combustível para alimentar o processo a cada sessão.
Um bom desafio para você, visitante, é tentar intuir e reconhecer, a partir da observação de cada trabalho da exposição, quais seriam as regras precisas que os geraram, sem perder de vista que elas só poderiam ser conhecidas em sua totalidade pelo que a dupla e a imagem partilham no vivido de sua fabricação, segredos que seguem velados no mistério do processo em criação.
Você pode levar contigo parte da coleção de perguntas que mantém a FLAMA! acesa, questões tão essenciais quanto elementares para pensar a autoria em processos de criação, a origem e a originalidade e também a condição contemporânea do fazer e do fazer junto: “Do que é feito meu mundo? O que é meu? O que é seu? O que é nosso?”
Valquíria Prates
Valquíria Prates (1977) vive em São Paulo e no Porto (Portugal) é pesquisadora, curadora e educadora.
Flávia Bomfim e Maguma colecionam formas simples, procedimentos e perguntas, que encorpadas em uma série de processos gráficos levam à sedução do desenho-desígnio, erros como possibilidade de trazer à luz e ‘aos vivos’ na forma de personagens e criaturas que nascem de negociações atrevidas. Para seguirem criando em dupla, as artistas precisam insistir em manter suas individualidades e assim garantir que haja combustível para alimentar o processo a cada sessão.
Um bom desafio para você, visitante, é tentar intuir e reconhecer, a partir da observação de cada trabalho da exposição, quais seriam as regras precisas que os geraram, sem perder de vista que elas só poderiam ser conhecidas em sua totalidade pelo que a dupla e a imagem partilham no vivido de sua fabricação, segredos que seguem velados no mistério do processo em criação.
Você pode levar contigo parte da coleção de perguntas que mantém a FLAMA! acesa, questões tão essenciais quanto elementares para pensar a autoria em processos de criação, a origem e a originalidade e também a condição contemporânea do fazer e do fazer junto: “Do que é feito meu mundo? O que é meu? O que é seu? O que é nosso?”
Valquíria Prates
Valquíria Prates (1977) vive em São Paulo e no Porto (Portugal) é pesquisadora, curadora e educadora.