Rômolo D’Hipólito
Foz do Iguaçu, 1983︎
Trabalha composições gráficas em diversos suportes
a partir da prática do que chama de caderno de viagem. Apoiado no desenho,
ele capta a essência de cada paisagem e a transforma em uma biblioteca de
texturas, objetos, formas e personagens, posteriormente rearranjados de
diversas maneiras em composições que misturam desenho, pintura e colagem, e se
materializam inclusive, e mais recentemente, em esculturas cerâmicas e obras
têxteis. Sua pesquisa reúne elementos centrais da arte latino-americana, desde
as cerâmicas pré-colombianas, passando pelo muralismo mexicano, até chegar na
Antropofagia e Tropicália brasileiras.
Exposições selecionadas incluem coletivas nos Museus da Gravura e Municipal de Artes, ambos em Curitiba, uma participação na Elephant Parade, Tailândia, e mostras em galerias e feiras de arte no Brasil, em Portugal, nos EUA e na França. Seus trabalhos já foram reconhecidos e premiados pela Folha de S. Paulo, Festival Anima Mundi, Society for News Design (NY), ÑH (Espanha), Ibero-América Ilustra (México) e Anima Latina Festival (Argentina). Em 2019, recebeu menção especial no Concurso Golden Pinwheel (Xangai) e uma de suas obras passou a integrar o acervo do Museu de Arte do Rio (MAR). Em 2021, ilustrou como co-autor o livro Amazon River pela editora Flying Eye Books, sendo publicado em mais de 10 línguas ao redor do mundo e fazendo parte da shortlist do World Illustration Awards 2022 em Londres.
Exposições selecionadas incluem coletivas nos Museus da Gravura e Municipal de Artes, ambos em Curitiba, uma participação na Elephant Parade, Tailândia, e mostras em galerias e feiras de arte no Brasil, em Portugal, nos EUA e na França. Seus trabalhos já foram reconhecidos e premiados pela Folha de S. Paulo, Festival Anima Mundi, Society for News Design (NY), ÑH (Espanha), Ibero-América Ilustra (México) e Anima Latina Festival (Argentina). Em 2019, recebeu menção especial no Concurso Golden Pinwheel (Xangai) e uma de suas obras passou a integrar o acervo do Museu de Arte do Rio (MAR). Em 2021, ilustrou como co-autor o livro Amazon River pela editora Flying Eye Books, sendo publicado em mais de 10 línguas ao redor do mundo e fazendo parte da shortlist do World Illustration Awards 2022 em Londres.
Works on graphic compositions in different media starting from a practice of what he calls a traveling sketchbook. Supported by drawings, he captures the essence of each landscape and transforms it into a library of textures, objects, shapes and characters, later rearranged in different ways in compositions that mix drawing, painting and collage, and even materialize, more recently, in ceramic sculptures and textiles works . His research brings together central elements of Latin American art, from pre-Columbian ceramics, passing through Mexican muralism, up to Brazilian Anthropophagy and Tropicália.
Selected exhibitions include group shows at the Museu de Gravura and Museu Municipal de Artes, both in Curitiba, a participation in Elephant Parade, Thailand, and exhibitions in galleries and art fairs in Brazil, Portugal, USA and France. His work has already been recognized and awarded by Folha de S. Paulo, Anima Mundi Festival, Society for News Design (NY), ÑH (Spain), Ibero-América Ilustra (Mexico) and Anima Latina Festival (Argentina). In 2019, he received a special mention in the Golden Pinwheel Competition (Shanghai) and one of his works became part of the collection of the Museu de Arte do Rio (MAR). In 2021, he illustrated as co-author the book Amazon River by Flying Eye Books, being published in more than 10 languages around the world and being part of the shortlist for the World Illustration Awards 2022 in London.
Selected exhibitions include group shows at the Museu de Gravura and Museu Municipal de Artes, both in Curitiba, a participation in Elephant Parade, Thailand, and exhibitions in galleries and art fairs in Brazil, Portugal, USA and France. His work has already been recognized and awarded by Folha de S. Paulo, Anima Mundi Festival, Society for News Design (NY), ÑH (Spain), Ibero-América Ilustra (Mexico) and Anima Latina Festival (Argentina). In 2019, he received a special mention in the Golden Pinwheel Competition (Shanghai) and one of his works became part of the collection of the Museu de Arte do Rio (MAR). In 2021, he illustrated as co-author the book Amazon River by Flying Eye Books, being published in more than 10 languages around the world and being part of the shortlist for the World Illustration Awards 2022 in London.
Obras disponíveis
Múltiplos
Mariachis, litografia de Rômolo
Informações técnicas:
litografia sobre papel, 28x39cm, 2017, impressa em Oaxaca, México, no Taller Rufino Tamayo, série de 4 cópias (2/4) numeradas e assinadas. Acompanha moldura.
Litografia de Rômolo
Informações técnicas:
litografia sobre papel, 28x39cm, 2017, impressa em Oaxaca, México, no Taller Rufino Tamayo, série de 10 cópias (5/10) numeradas e assinadas. Acompanha moldura.
Agave, litografia de Rômolo
Informações técnicas:
litografia sobre papel, 57x77cm, 2017, impressa em Oaxaca, México, no Taller Bambu, série de 20 cópias (7/20) numeradas e assinadas. Acompanha moldura.
“
Pequeno retorno à terraEm atenção as sutilezas da vida, Pequeno retorno à terra apresenta a recente produção artística de Rômolo D’Hipólito e compartilha conosco uma série de trabalhos que nascem das colheitas de suas vivências, sobretudo do período em que ele passou em Oaxaca, no México, nos anos de 2017, 2019 e 2020.
A fim de melhor compreender sua obra, antes é preciso mencionar que D’Hipólito nasceu em Foz do Iguaçu – tríplice fronteira entre Argentina, Brasil e Paraguai –, realizou residências em Hong Kong, Tailândia, Malásia, Japão, Hungria, Croácia, Itália, Espanha, Marrocos, México e Guatemala, deu a volta ao mundo e nos momentos de pouso habita a cidade de Curitiba. Ou seja, vive em constante deslocamento.
Sempre acompanhado de caneta nanquim preta e tinta guache colorida, o artista costuma desenhar em seus inúmeros cadernos de viagem tudo aquilo que o toca, o atravessa. É possível dizer que seus cadernos atuam como extensão de seu olhar, cumplices de vivencias e guardiões de memórias visuais, afetivas e particulares. Cadernos que, mesmo sem pretensão, preparam o terreno para suas gravuras, esculturas e peças em tecido.
Por sua condição nômade, é possível notar influências de diversas culturas em sua produção. Foi em Tisserdmine, no Marrocos, onde D’Hipólito aprendeu sobre a manufatura do tear, o preparo de pigmentos naturais e os significados dos padrões geométricos marroquinos, de modo a realizar trabalhos em tecido. Bem como foi em Tokyo, no Japão, onde se encantou pelos ideogramas japoneses, seus caracteres e estilo de escrita na vertical, passando a incorporar fragmentos de textos japoneses em suas obras e a assinar conforme um ideograma vertical.
Entretanto, a influência de Oaxaca se faz mais pulsante nas obras aqui presentes, muitas vezes determinantes na criação dos trabalhos. Foi nessa cidade onde ele teve contato com a tradicional cerâmica mexicana – observando o oficio das mulheres que produziam os artesanatos e os objetos utilitários em barro – e com a litogravura, uma vez que as pedras mexicanas de lito apresentam as mesmas propriedades químicas das pedras europeias.
Sobre os trabalhos em exposição, as cerâmicas e as peças em tecido foram produzidas em Curitiba, enquanto que as litogravuras foram realizadas em Oaxaca no ateliê público Rufino Tamayo e no ateliê Bambú do mestre Abraham Torres; onde o artista esteve em residência. Isto porque, o espaço e o tempo de cada meio é respeitado, assim como o cultivo das plantações.
Para além das múltiplas linguagens que dão corpo aos trabalhos aqui presentes, muitos dos conceitos que os abarcam também são inerentes a cultura mexicana. Nota-se a referência ao muralismo mexicano e aos assuntos particularmente regionais como, por exemplo, a feitura do mescal com agave, a música popular dos Mariachis, as festividades religiosas, as feiras de rua, a influência da civilização Zapoteca, as frutas e as plantas endógenas.
E mesmo falando sobre alteridade, é preciso enfatizar que sua obra não se põe a serviço da construção do exótico e do monumental, pelo contrário, o respeito com as demais culturas e com a natureza, principalmente com os trabalhadores da terra, é o que faz sua produção ser tão potente. Não somente existe uma consciência do lugar de fala, como também uma reverência ao local, como se sua obra homenageasse a pluralidade e a diversidade da vida.
Desta forma é possível dizer que mais do que “artista viajante” – a fim de romper com a ideia colonial do termo na História da Arte, o qual se refere as expedições artísticas e científicas coloniais das Américas no sec. XVI –, D’Hipólito é um artista “Terrestre”, tomando emprestado o conceito do antropólogo e filósofo francês Bruno Latour: Isso porque o Terrestre, estando vinculado à terra e ao solo, é também uma forma de mundificação, já que não se restringe a nenhuma fronteira e transborda todas as identidades. (Onde Aterrar, pag. 66, 2020)
Não é em vão que suas imagens estão repletas de mãos e pés agigantados, no desejo de plantá-los na terra e se conectar com o ambiente onde se encontram. Como que seus trabalhos buscassem nos despertar para uma conexão entre natureza e cultura, alertando-nos para a consciência de que estas são uma só. É com poesia que suas obras dizem o quanto urgente é cultivar a arte, o solo e todas as formas de vida.
Isto porque o Pequeno retorno à terra é uma exposição que vai ao encontro da produção artística e da história pessoal do artista, na medida em que ambas são intrínsecas. É deste modo, em meio a beleza das cores, traços, volumes e formas, que somos convidados a nos reconectarmos com a origem da existência: a terra.
Paula Borghi para o projeto expositivo “Pequeno retorno à terra”, 2021.