Arquiteturas


Nesta edição de SP-Arte, a RV Cultura e Arte propõe o projeto expositivo ARQUITETURAS, reunindo trabalhos de dez artistas brasileiros que transitam de maneira fluida entre desenho, pintura, gravura, escultura e arte têxtil.

A curadoria destaca obras que se debruçam sobre temas como a edificação dos espaços, a estruturação dos corpos, e a construção de identidades, discutindo desde a dimensão política dos conhecimentos técnicos e vernaculares até aspectos litúrgicos e da ancestralidade coletiva.

Estabelecendo entre si diversos pontos de conexão, os trabalhos compartilham, entre outros aspectos, o interesse pela materialidade e história dos suportes, narrativas onde realidade e ficção se entrelaçam e coexistem, e a investigação do corpo e seus movimentos enquanto possibilidade de representação de espaço
e tempo.

Artistas neste projeto:
Felipe Rezende, George Teles, Igor Souza, Marcos da Matta, Mari Ra, Milena Ferreira, Pedro Alban, Pedro Marighella, Rômolo D’Hipólito e Vânia Medeiros.

STAND G18
SP-Arte 2025
Pavilhão da Bienal, São Paulo
02 a 06 de abril

catálogo completo em breve
 

O cerco
FELIPE REZENDE
óleo, acrílica e costura sobre tela de lona de caminhão, 69x78cm
2024


O devorador de noites
FELIPE REZENDE
óleo, acrílica e costura sobre tela de lona de caminhão, 69x79cm
2024

Produzidas em 2024, “O cerco” e “O devorador de noites” prosseguem o exercício de fabulação das práticas de Felipe Rezende, a partir de circunstâncias e situações reais, e se baseiam em fotos tiradas nos arredores da área rural da comunidade do Junco 2, situada no município de Angical, no oeste da Bahia, onde o artista trabalhou e ocasionalmente volta a visitar.

“Nestas pinturas, se por um lado eu tento trazer outra imagem do oeste da Bahia, que normalmente é retratado como lugar seco, escasso e amarelo, mas aí trazendo um lugar verde, de fartura e bastante aparamentado tecnologicamente, por outro eu manuseio esses mesmos aparatos tecnológicos do agronegócio para bolar narrativas com os pés na cinematografia dos thrillers e dos filmes de terror”, comenta Felipe.

Pequena colisão 5
GEORGE TELES
monotipia (tinta gráfica) e pastel seco sobre papel, 60x42cm
2025

Pequena colisão 6
GEORGE TELES
monotipia (tinta gráfica) e pastel seco sobre papel, 60x42cm
2025


Pequena colisão 7
GEORGE TELES
monotipia (tinta gráfica) e pastel seco sobre papel, 60x42cm
2025

Pequena colisão 8
GEORGE TELES
monotipia (tinta gráfica) e pastel seco sobre papel, 60x42cm
2025
A série “pequenas colisões” é um desdobramento da pesquisa “Colisões” - investigações em impressões contemporâneas desenvolvidas no trânsito entre os territórios do Recôncavo, Sertão e Litoral da Bahia desde 2019. Colisões nasce do exercício de imaginação dos estados de corpos impossíveis resultantes da experiência do encontro, em um processo de coleta a partir do caminhar para produção de corpos-matrizes compostos de materialidades/memórias disponíveis no território. Essa operação considera a interação entre os materiais, as matrizes e os suportes como reveladores de corpos/geografias invisíveis, tomando assim o toque, o “colidir”, como ferramenta de manipulação de energia vital/redesenho material do real.

“Pequenas colisões” pretende então um prolongamento do tempo da colisão, tomando a operação do “destecer” de tecidos de organza sintética encontradas no percurso das caminhadas, para a construção de espaços mais lentos, calmos e que contradizem a própria noção de colidir. Desgastar e refazer um tecido de fio extremamente fino e pouco permeável confere aos arranjos visuais uma corporeidade de maior leveza, suavidade que interage com o risco do pastel seco como construção de um espaço que permitisse a permanência na colisão, a permanência no encontro.

detalhe da série Pequenas Colisões

série CO-LAPSO
IGOR SOUZA
acrílica sobre tela, 84x146cm
2025

Na série CO_LAPSO, Igor Souza estabelece um jogo com a imagem do seu próprio corpo em movimento, espalhando o tempo pela superfície da tela, criando estruturas existenciais onde a capoeira Angola emerge não apenas como um vocabulário de movimentos, mas como uma filosofia, emprestando ao trabalho do artista a noção de jogo, um princípio fundamental que permeia sua maneira de estar no mundo.

As imagens produzidas evocam ainda analogias com conceitos da nossa estrutura sub atômica, como o principio da incerteza, entrelaçamentos e coexistências de opostos, assim como a interiorização de saberes ancestrais que tangenciam os gestos litúrgicos que formam o Candomblé, como a circularidade dos movimentos, do corpo em relação à terra e à comunidade, borrando a noção de indivíduo para tornar-se um elo da rede intangível que forma a arquitetura da vida.


Cúmulos
MARCOS DA MATTA
acrílica sobre tela, 99x79cm
2025


A curva do horizonte
MARCOS DA MATTA
acrílica sobre tela, 40x50cm
2025

Tirar o peso do trabalho, das costas, da cabeça.
Poder ser às vezes cabeça de vento, cabeça de nuvem.
Mudar de trabalho, ter o peso de cinco brisas, fazer sombras com as nuvens, trazer o mar para o meio da tarde, e curvar o horizonte.
Quem navega é o mar, quem veleja é o vento, quem gira o mundo são os desejos.
Tudo é real, tudo é desejo, tudo é sonho, frutos do trabalho ou dos cochilos nos 15 minutos de descanso.

O conjunto de obras fala de trabalho, sonhos e desejos que se misturam e criam imagens onde as pessoas, as paisagens e as ferramentas interagem e tem o mesmo poder de agência.

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