Zé de Rocha
Cruz das Almas, 1979︎
Zé
de Rocha (Cruz das Almas, 1979) é artista visual. Sua
pesquisa parte da polissemia da palavra risco para criar trabalhos
gráficos, principalmente desenhos à carvão e grafite, que exploram
situações de perigo e violência. Não se trata de ilustrar
agressividade, mas de encontrar uma tensão que esteja conformada na
imagem, estabelecendo relações simbólicas ou associações de
causa e efeito que fazem referência a ideias de risco. Premiado em
diversos salões regionais no Brasil, incluindo a IX Bienal do
Recôncavo, seu currículo conta ainda com participações em
importantes mostras nacionais como a III Bienal da Bahia, o 64º
Salão de Abril e Arte Pará 2016, além de projetos internacionais
em galerias e feiras de arte na Itália, Estados Unidos, Portugal e
França.
Zé
de Rocha (Cruz das Almas, 1979) is a visual artist. His research
starts from the polysemy of the word “risco” in portuguese –
used to designate a simple drawing on a surface or the possibility of
being in danger – to create graphic works, specially on charcoal or
graphite, that explore dangerous or violent situations. It’s not
about illustrating aggressiveness, but finding a tension that is
conformed in the image, establishing symbolic relations or
cause/effect associations that refers to ideas of risk. Awarded in
many regional art salons, including IX Bienal do Recôncavo, Zé de
Rocha has also been part of important national exhibitions like III
Bienal da Bahia, 64th Salão de Abril and Arte Pará 2016, besides
international projects in galleries and art fairs in Italy, the
United States, Portugal and France.

Ensaio para bala perdida
serigrafia sobre tecido, impressão única
120x180cm (tríptico) | 2008
Obra ganhadora do grande prêmio da IX Bienal do Recôncavo
serigrafia sobre tecido, impressão única
120x180cm (tríptico) | 2008
Obra ganhadora do grande prêmio da IX Bienal do Recôncavo




em Paisagem Cruzalmense
lona queimada e fuligem
160x210cm (díptico) | 2011
Obra ganhadora do prêmio principal
do Salão de Artes Visuais de Jequié, 2012

lona queimada e fuligem
210x160cm | 2011
Crítica
Desde que Zé de Rocha, jovem artista brasileiro nascido no estado da Bahia, recebeu o grande prêmio da IX Bienal do Recôncavo de 2008, desenvolveu-se em seu trabalho um tema que ele já havia capturado iconograficamente: trata-se daquela forma de violência que muitas vezes acompanha o cotidiano das grandes cidades. Naturalmente, não é apenas o tema escolhido que rende interesse ao seu trabalho, mas especialmente sua articulação interna que o torna único e praticamente exclusivo.
O processo de narração visual reúne em seu fazer muitas técnicas e línguas, isto significa antes de tudo que Zé de Rocha está situado na área da arte contemporânea recente que ativa a construção da imagem através de sua desconstrução narrativa. Na minha opinião, a sua prática assume a forma de uma história ou uma crônica do visto que separa a imagem do ruído dos gritos que parecem surgir na superfície.
A protagonista dessas crônicas é o próprio artista que, todavia, escapa da auto referência e sobretudo da armadilha fácil do autorretrato. O ego se divide e se triplica, se esconde e se mostra até a incapacidade de reconhecer-se. É o eu e o outro que, ao mesmo tempo, se autoproclamam protagonistas e comparsas dessas crônicas. Rimbaud recorre com frequência à memória e à elegância violenta e vívida dessas crônicas imaginárias do extremo.
O processo de organização da sua obra passa por várias linguagens para, finalmente, finalizar-se com a serigrafia, uma técnica de reprodução pouco em voga entre os jovens artistas, mas que conheceu no passado um grande resultado, sobretudo com a prática pop de Andy Warhol. Para Zé Rocha, tudo parte da fotografia. Em seguida entra em jogo o computador com seus programas de manipulação tecnológica das imagens e finda na reprodução serigráfica sobre tela negra, onde a retícula branca traça com elegância visual a violenta história do seu corpo.
É interessante refletir sobre um aspecto pouco empregado na atual produção artística, aquele da impossibilidade de representar ou representar-se através de imagens, que seduz sempre, como nos ensinou René Magritte. Zé de Rocha sabe muito bem disso e desconstrói a imagem de seu eu em outros porque ninguém é realmente o eu e todos são falsamente os outros.
Mas a violência de suas imagens é também o resultado de sua própria condição. Nós não assistimos a esta, mas ao seu resultado de figura solitária num espaço pictórico e psicológico que leva à refletir sobre a condição humana de nossa época, assim como fez Francis Bacon.
De todo esse processo, ativado e desativado ao mesmo tempo, é uma evidência visual o recente trabalho de Zé de Rocha.
Antonio D’Avossa, curador da IX Bienal do Recôncavo.
Desde que Zé de Rocha, jovem artista brasileiro nascido no estado da Bahia, recebeu o grande prêmio da IX Bienal do Recôncavo de 2008, desenvolveu-se em seu trabalho um tema que ele já havia capturado iconograficamente: trata-se daquela forma de violência que muitas vezes acompanha o cotidiano das grandes cidades. Naturalmente, não é apenas o tema escolhido que rende interesse ao seu trabalho, mas especialmente sua articulação interna que o torna único e praticamente exclusivo.
O processo de narração visual reúne em seu fazer muitas técnicas e línguas, isto significa antes de tudo que Zé de Rocha está situado na área da arte contemporânea recente que ativa a construção da imagem através de sua desconstrução narrativa. Na minha opinião, a sua prática assume a forma de uma história ou uma crônica do visto que separa a imagem do ruído dos gritos que parecem surgir na superfície.
A protagonista dessas crônicas é o próprio artista que, todavia, escapa da auto referência e sobretudo da armadilha fácil do autorretrato. O ego se divide e se triplica, se esconde e se mostra até a incapacidade de reconhecer-se. É o eu e o outro que, ao mesmo tempo, se autoproclamam protagonistas e comparsas dessas crônicas. Rimbaud recorre com frequência à memória e à elegância violenta e vívida dessas crônicas imaginárias do extremo.
O processo de organização da sua obra passa por várias linguagens para, finalmente, finalizar-se com a serigrafia, uma técnica de reprodução pouco em voga entre os jovens artistas, mas que conheceu no passado um grande resultado, sobretudo com a prática pop de Andy Warhol. Para Zé Rocha, tudo parte da fotografia. Em seguida entra em jogo o computador com seus programas de manipulação tecnológica das imagens e finda na reprodução serigráfica sobre tela negra, onde a retícula branca traça com elegância visual a violenta história do seu corpo.
É interessante refletir sobre um aspecto pouco empregado na atual produção artística, aquele da impossibilidade de representar ou representar-se através de imagens, que seduz sempre, como nos ensinou René Magritte. Zé de Rocha sabe muito bem disso e desconstrói a imagem de seu eu em outros porque ninguém é realmente o eu e todos são falsamente os outros.
Mas a violência de suas imagens é também o resultado de sua própria condição. Nós não assistimos a esta, mas ao seu resultado de figura solitária num espaço pictórico e psicológico que leva à refletir sobre a condição humana de nossa época, assim como fez Francis Bacon.
De todo esse processo, ativado e desativado ao mesmo tempo, é uma evidência visual o recente trabalho de Zé de Rocha.
Antonio D’Avossa, curador da IX Bienal do Recôncavo.

Triz #5
cravão sobre papel
100x70cm | 2018

Triz #4
cravão sobre papel
100x70cm | 2018

Triz #1
cravão sobre papel
100x70cm | 2018

Limalha
cravão sobre papel
150x100cm | 2018