expo-cápsula de Lia Cunha e João Milet Meirelles
O projeto Waia’mu é uma fabulação
artística singular de Lia Cunha e João Milet Meirelles.
Na proposta desses artistas para a exposição na RV
Cultura e Arte, o grande caranguejo azul, o Guaiamum - ser habitante dos
pântanos originários (mangues) anteriores à vida humana na terra - é tomado
como ponto de partida para se pensar as formas de vida alternativas às políticas ecocidas do antropoceno. Tentando
desconstruir preconceitos epistemicidas com as populações originárias, bem como
compreendendo a ideia de sabedoria ancestral para além de um atributo
essencialmente humano, a presente proposta pode ser lida como giro decolonial, uma
subversão do corpo-mata, onde falsas hierarquias e assimetrias de conhecimento/entendimento
do mundo são postas em xeque.
Para as cosmogonias Jeje/Nagô, o retorno à lama primordial é uma experiência necessária a todos os seres vivos. Aliás, foi com essa matéria orgânica, cedida a Orunmilá pela grande mãe Nanã, que os Oris (cabeças) foram esculpidos. O pântano, para essas culturas, como foi atestado posteriormente pela ciência ocidental, é o próprio berço da vida.
Nas cosmogonias indígenas, o pântano e seus seres também ocupam lugar de destaque. Encontramos entre os mitos da cultura Tremembé a figura do belo príncipe Lupã, que era a encarnação do caranguejo que se entregava à vida mundana e aos prazeres da carne.
Na ilha de Itaparica, local onde se deram as fabulações deste projeto, há uma forte confluência das sensibilidades afro-indígenas. Nesses locais os guaiamuns, caranguejos e demais crustáceos, estão sendo ameaçados de extinção em seus habitats, os mangues. A ação da pesca predatória e da desequilibrada criação de fazendas de viveiros aquáticos, vem provocando uma nociva transformação em todo o ecossistema.
Para as cosmogonias Jeje/Nagô, o retorno à lama primordial é uma experiência necessária a todos os seres vivos. Aliás, foi com essa matéria orgânica, cedida a Orunmilá pela grande mãe Nanã, que os Oris (cabeças) foram esculpidos. O pântano, para essas culturas, como foi atestado posteriormente pela ciência ocidental, é o próprio berço da vida.
Nas cosmogonias indígenas, o pântano e seus seres também ocupam lugar de destaque. Encontramos entre os mitos da cultura Tremembé a figura do belo príncipe Lupã, que era a encarnação do caranguejo que se entregava à vida mundana e aos prazeres da carne.
Na ilha de Itaparica, local onde se deram as fabulações deste projeto, há uma forte confluência das sensibilidades afro-indígenas. Nesses locais os guaiamuns, caranguejos e demais crustáceos, estão sendo ameaçados de extinção em seus habitats, os mangues. A ação da pesca predatória e da desequilibrada criação de fazendas de viveiros aquáticos, vem provocando uma nociva transformação em todo o ecossistema.
A intervenção dos artistas chama atenção para que voltemos
aos mangues, para aprendermos com a sua sabedoria ancestral, suas tecnologias,
suas interações cósmicas, a fim de construirmos formas mais sustentáveis de
viver no planeta terra, longe do delírio apocalíptico do antropoceno.
A opção pela simplicidade e sustentabilidade das técnicas e dos processos de produção das obras, como a manufatura do livro de artista, a produção marginal de um disco e a revelação de impressões fotográficas utilizando a cianotipia, estão totalmente harmonizados com o meio ambiente. Esses cuidados nos remetem a modos de vida alternativos, nos lembrando as opções estético-político da permacultura. A obra dos artistas parece ganhar significações, em toda a sua extensão, quando compreendida enquanto compromisso ecológico.
Há uma predominância da cor azul nas obras, como um signo que nos remete a ancestralidade dos guaiamuns. Com o seu mito podemos aprender sobre o movimento do caos da lama ao cosmo do firmamento.
Viva o viver waia’mu.
Ayrson Heráclito
A opção pela simplicidade e sustentabilidade das técnicas e dos processos de produção das obras, como a manufatura do livro de artista, a produção marginal de um disco e a revelação de impressões fotográficas utilizando a cianotipia, estão totalmente harmonizados com o meio ambiente. Esses cuidados nos remetem a modos de vida alternativos, nos lembrando as opções estético-político da permacultura. A obra dos artistas parece ganhar significações, em toda a sua extensão, quando compreendida enquanto compromisso ecológico.
Há uma predominância da cor azul nas obras, como um signo que nos remete a ancestralidade dos guaiamuns. Com o seu mito podemos aprender sobre o movimento do caos da lama ao cosmo do firmamento.
Viva o viver waia’mu.
Ayrson Heráclito
Lia Cunha e João Milet Meirelles
fotografia digital
impressão em pigmento mineral sobre Canson Edition Etching Rag 310g
série de 5 copias
100x70cm
2024
+info | adquirir
Waia’mu
Lia Cunha e João Milet Meirelles
gravação em vinil, capa original em pastel e serigrafia sobre papel 100% algodão
11 minutos, 30x30x1cm
2024
Lia Cunha e João Milet Meirelles
gravação em vinil, capa original em pastel e serigrafia sobre papel 100% algodão
11 minutos, 30x30x1cm
2024
Lia Cunha e João Milet Meirelles
gravação em vinil, capa original em pastel e serigrafia sobre papel 100% algodão
11 minutos, 30x30x1cm
2024